Depressão resistente é tema do Viva Bem

Atualmente a tentativa de suicídio e as emergências psiquiátricas representam 20% de todos os atendimentos de emergência em pronto-socorro. Mais de 90% das tentativas de suicídio estão relacionadas com algum transtorno mental não tratado (depressão, ansiedade, transtorno bipolar, esquizofrenia, uso de substâncias).

O médico psiquiatra Alexandre Agacir, é o entrevistado do programa Viva Bem e vai abordar o assunto Depressão resistente. De acordo com o médico, é preciso ficar atento à depressão resistente. “Esse é um termo que se refere ao paciente com um quadro de depressão já diagnosticado e que não respondeu a 2 tentativas de tratamento. Infelizmente a porcentagem de depressão resistente é estimada em 30% do total de casos de depressão. Isso aumenta o risco de suicídio, aumenta os custos de tratamento, aumenta o afastamento ou absenteísmo ao trabalho, enfim, é um caso mais grave de depressão”, explica.

Como a depressão resistente é mais difícil de tratar, ela aumenta o risco de suicídio. “Quando o indivíduo apresenta uma depressão de difícil tratamento (resistente) é necessário a associação de medicações, psicoterapia e também a intensificação do tratamento com atividades terapêuticas (por exemplo a arteterapia, atividade física, musicoterapia).

Na Urgência Mental em Aracaju, desde a pandemia da COVID-19 houve o aumento de casos de ideação e tentativa de suicídio. Na instituição há leitos de observação e leitos para internamento de curta permanência (10 suítes no total), onde a taxa de internamento devido ao quadro de ideação suicida (pensamentos persistentes) ou tentativa (algum ato já realizado com a intenção de autoextermínio) ocorreram. A taxa se mantém em um número alarmante: de 50 a 60% dos casos de internamento. Além da porcentagem alta, também chama a atenção que a maioria desses pacientes são jovens (realmente adolescentes a partir dos 12 anos) e adultos jovens (entre 18 e 29 anos). Esse aumento na taxa de tentativas de suicídio entre jovens e adultos jovens já é apontada em inúmeras pesquisas sobre o tema no Brasil.

O principal fator de risco para o suicídio é a presença de um transtorno mental não tratado, mais de 90% dos casos de suicídio estão associados à depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia e abuso de substâncias. “Esse dado nos mostra a importância extrema de tratar os transtornos mentais. Além da presença dos transtornos mentais, temos outros fatores de risco que podem ser “gatilhos” de uma crise: separação conjugal, pouco suporte social, luto recente, desemprego, indivíduos solteiros e na faixa etária de maior risco – jovens e idosos”, informa.

Felizmente já existem novas opções medicamentosas para tratamento dessas duas situações graves (depressão resistente e ideação suicida). “Temos a cetamina (utilizada somente em ambiente hospitalar) para depressão e ideação suicida. Esse medicamento é um anestésico com efeito no aumento cerebral do glutamato (uma nova forma de antidepressivo) que é aplicado em ambiente hospitalar de forma endovenosa, intramuscular ou subcutânea (existe um protocolo para aplicação) e também o cloridrato de escetamina (derivado da cetamina) que tem uma apresentação para aplicação intranasal. A escetamina também só pode ser utilizada com indicação médica e em ambiente hospitalar. Tanto a cetamina como a escetamina seguem um protocolo médico de aplicações semanais (inicialmente duas vezes por semana nas primeiras quatro semanas) associadas aos antidepressivos orais tradicionais”, finaliza.

A entrevista com o médico psiquiatra Alexandre Agacir vai ao ar nesta terça, 06, a partir das 8h30 no Portal Fan F1 no You Tube.

Por Rodrigo Alves, Jornalista e Assessor de Imprensa.