Os acidentes de trabalho tem se tornado um problema de saúde pública e acarretam um custo social e previdenciário grande, mas que podem ser evitadas. Para falar sobre o assunto, Magna Santana entrevistou no Viva Bem deste sábado, 22, a mestre em Engenharia de Produção, professora Sandra Rocha, sobre métodos de prevenção. O programa vai ao ar sempre a partir das 8h, na Ilha FM.
Confira a entrevista:
Magna Santana:Quais as principais áreas de trabalhos que podem ocorrer acidentes? Existem algumas profissões que os riscos são maiores, mas também existem aquelas que mesmo sem imaginar, um acidente pode acontecer?
Sandra Rocha: Nas construções civis os números de acidentes de trabalho ainda são alarmantes. Mas apesar de ser a maior área de causas de acidentes não podemos esquecer de outras profissões que também são arriscadas. Em escritórios e até mesmo dentro de casa acidentes podem acontecer. Fatores como, por exemplo, a ergonomia, que é a postura que a secretária do lar passa uma roupa e isso não deixa de ser uma doença gerada pelo trabalho. Então não podemos fechar os olhos para nada. Qualquer área de trabalho o profissional sempre tem que ficar atento, pois um pequeno deslize ou distração pode ser até fatal.
MS:Com relação aos números, as estatísticas são preocupantes, por isso que é importante as empresas realizarem palestras para falar sobre acidentes de trabalho…
SR: As empresas realizam a Semana Interna de Prevenção de Acidente no Trabalho (Sipat) com a intenção de conscientizar seus profissionais sobre os riscos. Todas as empresas realizam esse evento anualmente, mas a Segurança no trabalho atua de forma diária nessa prevenção. Com relação aos números nós temos os últimos dados estatísticos do Anuário Estatístico de Acidentes no Trabalho da Previdência Social, que foi lançado em 2014, onde destaca que em termos nacionais foram registrados um pouco mais de 704 mil acidentes no trabalho. Já em Sergipe, no mesmo ano, foram registrados 3.138 acidentes do trabalho e em 2013 nós tivemos 3.192 acidentes. Isso mostra uma redução de 54 acidentes, pouco mais de 1,7%. Ainda foi muito pouco, mas se a cada ano for alertando, conscientizando, essa redução pode ser maior.
MS:O que pode ter provocado e contribuído para esses dados? O anuário traz as causas de cada caso?
SR: O anuário é muito grande e não traz tão detalhadamente cada caso. Nem todos os profissionais são treinados para executar a atividade na melhor forma. Então, são uma soma de fatores que fazem com que esses dados sejam alarmantes. A área hospitalar também traz muitos riscos e ainda é muito pouco disseminada, pois o que mais anuncia na mídia é apenas a questão da construção civil. E outra coisa que influencia é que os fatores de risco estão mais explícitos. Então é preciso ter mais consciência para que as empresas treinem seus colaboradores e verifiquem a eficácia desses treinamentos para que reduza os acidentes e, diretamente ou indiretamente, reduza até os custos da empresa.
MS:Todos devem ficar atentos, até mesmo quem trabalha ou está realizando um serviço de casa pode ter um acidente. E quando um profissional fica afastado, pesa muito no custo da previdência e no custo familiar?
Com certeza. Quando acontece um acidente há os custos diretos e os custos indiretos. O custo direto é aquele ligado à previdência social, que está ligado ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT). Nesse seguro a empresa paga para investir na segurança, quanto mais a empresa reduz acidentes de trabalho ela ganha bonificações ou paga por um valor menor esse seguro. Já o Fator de Acidente Previdenciário (FAP) pode aumentar ou reduzir de acordo com os números de acidentes. Já com relação aos custos indiretos, o acidentado tinha uma programação de produção e ele acabou parando, os colegas de trabalho também param de trabalhar para socorrê-lo, tem os custos durante os primeiros socorros e quando há um acidente fatal a produtividade da empresa cai completamente, às vezes por um dia e até por semanas.
Por: Fernanda Sales
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