Calendário eleitoral pode prejudicar o combate à dengue


O ministro José Gomes Temporão (Saúde) afirmou, nesta quarta-feira (2/4), que as ações contra a dengue podem ser prejudicadas devido ao calendário eleitoral. Segundo ele, além do Rio de Janeiro, a situação de dengue em outros estados do Norte e Nordeste é preocupante para o próximo ano. Ele participou hoje da reunião da Unitaid, uma organização internacional que tem o objetivo é obter redução de 40 a 50% nos preços dos remédios de Tuberculose, Malária e Aids, e fornecê-los às populações mais pobres do planeta.


“A dengue é uma lição que o Brasil já deveria ter aprendido há muito tempo. Todos os anos em que há disputa eleitoral, a guerra contra a dengue perde. Os gestores desmobilizam programas, demitem servidores e fazem politicagem menor com algo tão grave”, afirmou.


Para Temporão, além da grave situação do Rio de Janeiro, os números da dengue no país servem de alerta para o trabalho de 2008. Apesar de nacionalmente o índice da doença ter diminuído em 27%, houve um significativo aumento relativo da dengue no Amazonas (992%), Rondônia (484%), Sergipe (617%), Bahia (241%), Rio Grande do Norte (275%) e Pará (147%). O ministro, no entanto, ressalvou que, no Rio, a situação em números absolutos é “muito mais grave”. O Estado reúne praticamente o dobro de casos somados nos demais seis estados.


“O cenário nacional serve de alerta para que a gente trabalhe o ano de 2008 de maneira pesada, articulada e integrada. Todos devem estar envolvidos, o governo federal, estados, municípios e sociedade, para que a gente evite, em 2009, a situação que vivida hoje”, disse.


O ministro relembrou que, além da informação à população, o poder público deve se empenhar em implementar o programa Saúde da Família e fortalecer os agente comunitários de saúde, que são importantes instrumentos para a prevenção da dengue. A estratégia, juntamente com a ampliação da atenção básica, é necessária também para se evitar as mortes relacionadas à dengue. Ele citou Aracaju, Belo Horizonte e Fortaleza como exemplos de como o Saúde da Família e atenção básica podem conter o avanço da doença.


“Para a dengue, também é preciso de uma transformação do ambiente onde as pessoas vivem. Miséria, acúmulo de lixo, falta de saneamento básico, esgotamento sanitário, falta de drenagem são fatores importantes para a reprodução do mosquito. Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, com obras de saneamento, vai resultar em melhoria de vida da população e diminuição das condições ambientais para que o mosquito se reproduza”, complementou Temporão.


Fonte: Ministério da Saúde