Eles se reproduzem em série. Tomaram conta das esquinas, shoppings e galerias. Mais do que padarias, farmácias e pet shops, são os salões de beleza que estão por toda parte em São Paulo. A estimativa do sindicato da categoria, o Sindibeleza, é que existam 40 mil deles na Cidade. Nesse universo, é quase impossível encontrar um local regulamentado para fazer as unhas e cuidar dos cabelos. Do total de estabelecimentos, apenas 123 têm autorização da Vigilância Sanitária, o que indica que 99,7% são clandestinos. Segundo determinação da Prefeitura (desde 2004), qualquer profissional que ofereça serviço de manicure, pedicure, cabeleireiro ou depilação, precisa da licença sanitária municipal. O certificado garante o compromisso com a higiene do local e com a capacitação dos profissionais. Para fiscalizar todas as unidades a Prefeitura dispõe de apenas cinco agentes. O subgerente de Serviços em Saúde da Vigilância Sanitária Municipal, Sérgio Sartor, admite que o número de agentes é irrisório. Existem profissionais que não se interessam pelo cadastro e também os que não sabem da exigência. A população também nem sempre se atenta aos perigos que esses procedimentos podem oferecer. Riscos escondidos O que muita gente não lembra é que por trás das escovas progressivas e das unhas feitas há a possibilidade de contágio de micoses, dermatites e transmissão de doenças graves, como a hepatite. As tinturas e os produtos químicos podem causar desde uma irritação no couro cabeludo até um problema respiratório , alerta o professor titular de dermatologia da Unisa, Artur Duarte. As manicures e pedicures manipulam sangue das pessoas e, sem compromisso higiênico, o perigo das doenças infecciosas é iminente. Na última semana, a reportagem circulou por alguns bairros da Cidade e atestou a proliferação de pequenos salões de beleza. A Rua Trajano, na Lapa, Zona Oeste, foi o exemplo mais marcante. De uma esquina a outra, foram 105 passos e seis salões grudados um ao outro. Na Cardeal Arcoverde, também na Zona Oeste, em dois quarteirões existem 13 serviços de cabeleireiro. O ramo da beleza é muito disputado, principalmente depois que as pessoas descobriram que é lucrativo. Mas, com a ausência da fiscalização, acaba em desvantagem quem atua dentro da lei , afirma o assessor do Sindibeleza, Adalto Meciano. Para seguir as normas sanitárias, o custo é muito maior. Quem não segue cobra preços bem mais baixos. Se tem gente que não calcula os prejuízos, e os riscos, na hora de alimentar a vaidade, a Associação Brasileira de Indústria de Cosméticos (ABIHPEC) só comemora lucros. No ano passado, foram 1,4 milhão de toneladas de produtos vendidos, o que resultou em um faturamento de R$ 17,5 bilhões para o setor, que cresceu 14,3% em comparação a 2005. Fonte: Dieese