Neste sábado, 6, Magna Santana entrevistou no quadro “Alô Doutor” o médico Almir Santana para falar sobre os cuidados com a saúde no período de Carnaval. Dentre os principais pontos debatidos está a importância do uso do preservativo e também o controle do consumo de álcool durante a festa. Confira a entrevista:
MS:Não é porque é festa e folia que pode descuidar da saúde durante o Carnaval…
AS:Isso mesmo, não pode se descuidar. Estudos comprovam que o comportamento das pessoas durante a festa muda totalmente. Tem gente de fica o ano inteiro aguardando o carnaval para curtir, mas é importante falar alertas na área da saúde durante esse período. Em primeiro lugar a alerta deve ser em relação às doenças sexualmente transmissíveis, isso não quer dizer que todo mundo que vai ao Carnaval vai ter relações sexuais, mas as pesquisas mostram que muita gente que teve relação e não usou camisinha foi porque não teve camisinha na hora. As estamos alertando que é preciso levar a camisinha ou pegar em algum local, hoje aonde for ter festa tem camisinha e a Secretaria de Estado da Saúde produz campanhas para que os munícipios se mobilizem nessa distribuição, algumas ações são presenciais com equipes nossa e outras são com equipes dos próprios municípios. Já as pessoas que por algum motivo não pode usar a camisinha e acha que pode está contaminado com alguma DST pode fazer o teste 30 dias após.
MS:Então o teste para detectar as DST não pode ser feito antes de 30 dias?
AS: Pode ser feito, mas esse teste pode dar a realidade da pessoa naquele momento, mas o que aconteceu durante o período do carnaval, como ainda está recente, é o período da janela imunológica, ou seja, quando a pessoa pode se infectar mas o teste não acusar, pois a certeza para ter a doença é só 30 dias após. Então nós também fazemos campanha para quem precisa fazer esse teste um mês após o carnaval.
MS:E a questão do beijo também está gerando algumas dúvidas por conta da contaminação do Zika Vírus pela saliva. Mas o beijo também pode causar outras doenças não é?
AS: Em cima do Carnaval sai essa notícia ruim. A Fiocruz estava fazendo pesquisas sobre o Zika e anunciou ontem essa nova informação sobre o vírus. O HIV, quando surgiu, várias notícias surgiram, e assim está com o Zika Vírus, que ainda está sendo estudo. Realmente foi encontrado o vírus na saliva, mas uma cautela do próprio Ministério da Saúde a respeito dessa pesquisa foi emitir uma nota esclarecendo que não dá pra dizer ainda que o vírus Zika é transmitido pelo beijo, pois ele foi encontrado ativamente na saliva, mas com segurança, não dá pra dizer que é outra transmissão do vírus. A questão de está ativamente na saúde, indica que pode ser transmitido, mas não há ainda segurança de que há transmissão de pessoa para pessoa, mas é uma forma de alerta, principalmente para as gestantes. Para transmitir uma doença de uma pessoa para outra tem que ter a quantidade de vírus, que se chama carga viral, então não se sabe ainda qual a carga viral do Zika para transmitir pela saliva. Então não é momento de pânico, mas de alerta, pois o pânico mesmo é o mosquito. É preciso durante o Carnaval ter cuidado com as casas para não deixar o mosquito se proliferar, para quem está alugando casa principalmente. Olhe os tanques e os locais de armazenamento de água dessas casas para ver se não há larvas.
MS:Todos precisam se cuidar contra o mosquito então. E vai ter uma mobilização nacional, não é isso?
AS:Isso mesmo. A mobilização nacional contra o mosquito é dia 13, porém, mais do que mobilização, o importante é que cada um cuide da sua casa. É a atitude de cada um que vai mudar.
MS:E quanto a questão da relação sexual, merece um cuidado redobrado?
AS:Essa também é uma coisa nova. Nos Estados Unidos é que tem um caso de uma pessoa que veio da Venezuela, lá tinha o Zika e essa pessoa foi para os Estado Unidos e teve relação sexual com uma pessoa que mora num local que não tem o Zika, ou seja, não é área de presença do Aedes. E essa pessoa foi contaminada também. Então é uma coisa que ainda não está muito claro, mas é mais uma alerta.
MS:E a questão do álcool, muitas pessoas acham que se ingerir álcool pode está imunizada…
AS:Muitas pessoas acham que o álcool corta tudo, mas não é. O álcool faz é mal a pessoa. Não tem nada que comprove que o álcool vai cortar os efeitos da picada do mosquito. Só para exemplificar, tem gente que fala que não vai beber e tomar anticoncepcional para não cortar o efeito. Quero ressaltar que o álcool diminui sim o efeito do anticoncepcional, mas só diminui, não é comprovado que vai cortar totalmente o efeito do remédio.