A violência contra a mulher é uma grave problema da sociedade. Mais do que o corpo, a violência atinge a alma e destrói os sonhos, a dignidade e a autoestima das mulheres. E visando alertar e conscientizar a população sobre esse tema, a Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), realizou na tarde desta quarta-feira, 18, o lançamento da Cartilha sobre Violência Contra a Mulher. O evento aconteceu no auditório do Centro Cultural de Aracaju (Antiga Alfândega), marcando também as inúmeras ações relativas à “Campanha 16 dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra a Mulher”, que tem a intenção de promover o debate (e denúncia) das várias formas de violência contra as mulheres no mundo.
O lançamento foi destinado aos profissionais da Saúde, Educação, Assistência Social, Ministério Público, Delegacias Especializadas em crimes contra a mulher, Conselho da Mulher e Conselho do Idoso e demais órgãos que trabalham a questão da violência contra o público feminino. Na cartilha os leitores podem encontrar informações e endereços úteis de serviços de acolhimento às vítimas. Durante o evento, o grupo teatral “Arte em Ação” do Tribunal de Justiça de Sergipe realizou apresentação lúdica sobre o tema.
A referência técnica do Núcleo de Prevenção de Violência e Acidentes da SMS, Lidiane Gonçalves, apresentou a cartilha e também falou sobre os dados notificados pelos profissionais de saúde relacionados à violência contra a mulher. “Os profissionais vêm notificando diversos casos de violência e cerca de 75% a 85% dos dados notificados são relacionados à violência contra mulheres. Entre 2011 e 2014, de 1.647 notificações de violência em Aracaju, 1.091 foram do sexo feminino. Na faixa etária de 20 a 29 anos, o principal agressor é o marido ou ex-marido das vítimas, tendo como principal tipo de agressão a violência física. Já na faixa dos 10 aos 19 anos, muitas adolescentes e crianças estão sendo vítimas de negligência e abandono ou de violência psicológica dos próprios familiares. Então, a cartilha tem o objetivo de promover o debate nas comunidades e dá mais visibilidade a questão da violência doméstica contra a mulher. Todos os profissionais devem levar esses temas para seus espaços de trabalho, para desmistificar esses atos de violência”, explicou.
A representante da Secretaria Municipal da Família e da Assistência Social (Semfas), Diana Maria Mesquita Cerqueira, explicou que essa cartilha é essencial para conscientizar toda a sociedade e também é uma forma de nortear e sensibilizar os profissionais sobre o tema. “Através dessa cartilha as mulheres vão se conscientizar sobre o que é uma violência, que não é só violência física, mas também é a dor e a marca que fica na alma. Elas vão saber através desse pequeno informativo onde se tratar e onde procurar ajuda”, salientou.
Segundo Adélia Moreira Pessoa, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Aracaju e presidente Nacional da Comissão de Gênero e Violência Doméstica do Instituto Brasileiro dos Direitos da Família (IBDFAM), muitas mulheres não percebem que estão sendo vítimas de violência, pois essa violência é naturalizada como algo comum na sociedade. “Se a mãe e/ou a avó dessas mulheres já passaram por isso, e se o próprio pai já pratica isso dentro de casa, então a mulher vai achar algo comum. O autor da agressão, muitas vezes, justifica que essa agressão é culpa da mulher, que ela foi que provocou. E essa cartilha vem para propiciar uma discussão entre grupos de mulheres, fazendo com que tenha uma maior sensibilização para o fato. A violência é um problema de saúde pública, que está afetando a sociedade brasileira e essa violência começa dentro de casa, na própria família, mas estamos tentar mostrar que o lar é um lugar de paz, de respeito e não da agressão, pois se os filhos acompanham a violência dentro de casa, eles vão reproduzir”, informou.
Para a diretora de Vigilância em Saúde e representante do secretário Municipal de Saúde, Tereza Cristina Maynard, a cartilha é uma ferramenta que vai contribuir para que as mulheres percebam que devem lutar pelos seus direitos. “Tem a Lei Maria da Penha que projete ela em qualquer tipo de situação de violência e com a cartilha, essas mulheres terão orientações sobre como identificar os tipos de violência e fazer com que elas sabiam como se conduzir. A mulher precisa entender que nós temos que ser protagonistas da nossa história, então tem que agir e não se calar e fingir que o problema não existe”, disse.
“A cartilha tem o objetivo de educar e orientar as mulheres. “Eu sempre afirmo que a saída está na educação e na orientação, pois a gente só briga por aquilo que temos conhecimento, se não sabe que tem direito como elas irão brigar por isso. É por isso que a cartilha vem para esclarecer o que ela já sobre no dia a dia e fazer com que ela denuncie esses atos”, destacou Gicele Mara Cavalcante D’Avila Fontes, promotora de Justiça e diretora do CAOP dos Direitos da Mulher do Ministério Público de Sergipe.
No local do evento também foi realizada a exposição de fotografias “Colorindo a Dor e Mulher em busca de si”, promovida pelo Tribunal de Justiça de Sergipe.
Presentes
Participaram do evento a coordenadora de Promoção a Saúde da SMS, Maria Antônia Maia d’Ávila; a coordenadora do Programa Saúde da Mulher da SMS,Cristiani Ludmila Borges; o representante do assessor da Federação dos Conselhos Comunitários de Segurança, Marcos dos Anjos; a representante da Secretaria Municipal da Educação (Semed), Lenalda Gomes dos Santos; a advogada da OAB e membro da Comissão de Gênero e Violência Doméstica do IBDFAM de Sergipe, Valdilene Oliveira Martins.