Covid: MPF e MPE se reúnem com hospitais para discutir atendimento SUS

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O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público de Sergipe (MP/SE) se reuniram, nesta quarta-feira (17) com representantes de diversos hospitais contratados pelo estado para prestar assistência aos pacientes com covid-19 no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Representantes das unidades de saúde informaram aumento crescente de pedidos de vaga de UTI, baixos estoques e dificuldade de aquisição de medicamentos utilizados em pacientes intubados.

Participaram da reunião o Hospital de Cirurgia, o Hospital Universitário de Lagarto, o Hospital São José e o Hospital Nossa Senhora da Conceição, que disponibilizam à rede pública, além dos leitos da demanda regular de saúde, somados, 65 leitos de UTI e 54 de enfermaria para pacientes de covid-19.

Durante a reunião, os representantes dos hospitais relataram, de forma geral, que desde o início do mês de março vêm observado um aumento crescente no número de pedidos de vagas de UTI e que estão com a ocupação máxima. Também informaram que com a saturação dos leitos que dispõe iniciaram adaptações dentro das unidades, como reverter leitos de UTI geral (não covid) para receber pacientes com covid-19 e suspensão de cirurgias eletivas, mantendo apenas aquelas urgentes.

Medicamentos – Outro ponto crítico abordado na reunião por praticamente todos os hospitais foi a situação preocupante dos estoques de medicamentos utilizados em pacientes que estão intubados, mais especificamente os bloqueadores neuromusculares e sedativos. As unidades de saúde relataram estar enfrentando problemas para adquirir tais medicamentos, que estão em falta no mercado nacional. Com o aumento das internações nos últimos dias, os gestores manifestaram receio quanto aos estoques e de ter que enfrentar situações críticas em que o paciente em ventilação mecânica viesse a ficar contido no leito por falta dos medicamentos, situação que deve ser evitada.

Os representantes dos hospitais destacaram ainda que, em razão da manutenção da circulação de pessoas, a demanda de urgência e emergência continua chegando às portas das unidades, em especial os pacientes de trauma que necessitam cirurgias ortopédicas de urgência, por exemplo, gerando ocupação de leito e o consumo dos mesmos medicamentos que já estão em falta.

Restrições – Todas as unidades de saúde informaram aos Ministérios Públicos ter realizado esforços para ampliação ao máximo de sua capacidade de atendimento, mas que há um limite para isso. Alguns dos representantes dos hospitais de referência para a covid-19 presentes na reunião registram que, diante da situação de colapso da rede de saúde, a adoção de medidas mais restritivas quanto à circulação de pessoas é a única medida que pode reduzir outras demandas de saúde, como acidentes e fraturas, por exemplo, gerados pela circulação de pessoas nas ruas. A medida liberaria leitos para os pacientes com covid-19 que já estão internados, além de conter a disseminação do vírus nas próximas semanas, reduzindo o número de novas internações.

Ofícios – Em razão da situação crítica quanto ao estoque dos medicamentos utilizados na intubação dos pacientes atendidos no âmbito do SUS, o MPF oficiou, nesta quarta (17) as secretarias estadual e municipal de saúde para que informem a situação do abastecimento e a estimativa de duração dos estoques atualmente existentes, considerando a manutenção do atual número de internações da rede pública. A requisição de informações abordaram também as dificuldades de abastecimento desses medicamentos pelos hospitais filantrópicos contratados para disponibilizar leitos ao SUS, para que as Secretarias monitorem toda a rede e esses medicamentos não venham a faltar, causando danos graves aos pacientes que necessitam de ventilação mecânica.

 

Fonte: Ascom MPF