O câncer de cabeça e pescoço deve atingir mais de 40 mil pessoas no país somente este ano. A estimativa é do Instituto Nacional de Câncer (Inca) que, aproveitando o Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, celebrado em 27 de julho, alerta, por meio de ações da campanha Julho Verde, para a importância e a necessidade de um diagnóstico precoce para a eficácia do tratamento.
De acordo com a oncologista clínica da Onco Hematos, Erijan Andrade, apesar de ser um tipo de câncer pouco divulgado, os números de casos são altos e alarmantes. “No mundo são 550 mil novos casos e 380 mil mortes por ano. Já no Brasil, a estimativa é de 22.370 casos novos da doença, sendo 17.590 homens e 4.780 mulheres. Em Sergipe os dados apresentam 220 novos casos, sendo 140 homens e 80 mulheres. Esses dados são pouco divulgados e a frequência continua aumentando, principalmente em homens”.
Segundo a oncologista, a doença acomete mais o sexo masculino por conta dos fatores de risco da doença. “O maior fator de risco é o tabagismo, que ainda é mais frequente em homens. Os outros fatores mais determinantes para a doença são o consumo de bebida alcóolica e, também, a infecção do vírus HPV. No caso do álcool não sabemos dizer exatamente a frequência que pode gerar um câncer, porque muitas vezes o álcool também está ligado ao tabagismo. Com relação ao tabagismo, aumenta a chance de gerar um câncer de cabeça e pescoço entre 5 e 25 vezes mais evidente e o uso combinado de fumo e bebida alcoólica pode aumentar em até 20 vezes as chances de desenvolver um tumor”, enfatizou.
Além disso, um câncer de cabeça e pescoço tem uma certa peculiaridade relacionados aos outros tipos de câncer, pois tem cerca de 60% de chance de deixar uma sequela visível no paciente. “O câncer de cabeça e pescoço pode atingir a parte nasal; a orofaringe, que é toda a região da boca; a parte da laringe, que é a região da voz; além da faringe e esôfago. Os sintomas da doença podem ser visíveis, como rouquidão, dor no ouvido, uma lesão visível na região da boca, ou até mesmo intensas dores e inflamações na garganta”, alertou Erijan Andrade.
Ainda de acordo com a oncologista, essa é uma doença altamente prevenível e tratável. A melhor forma de prevenção é diminuir e evitar o consumo de cigarro e álcool. “No caso do HPV o tratamento é um pouco mais difícil e, quando ocorre, são em pacientes mais jovens e com prognóstico melhor. Em geral, o tratamento da doença é, na maioria das vezes, cirúrgico, principalmente quando é diagnosticado precocemente. Também é levado muito em conta a questão estética que o paciente irá ficar após a cirurgia. Quando o diagnóstico é tardio, as opções de tratamento são quimioterapia e radioterapia”, salientou.
Outro problema para o diagnóstico tardio da doença é que boa parte dos homens só procuram um consultório médico em situações emergenciais. “A maioria dos pacientes é homem e, por conta da cultura do homem não querer ir ao médico, muitas vezes essa doença é diagnosticada tardiamente. Principalmente porque esse paciente é difícil, é tabagista, tem consumo de álcool e são pacientes que demoram a perceber os sinais da doença. Quando chegam a procurar um médico, a doença já está em estágio avançado”, finalizou a oncologista.
Ascom/ Onco Hematos