No Programa Viva Bem deste sábado, 29, o entrevistado foi médico hematologista Geydson Cruz, que falou sobre as doenças do sangue, abordando sobre a anemia e também sobre o excesso de ferro no sangue, que pode causar sérios problemas para a saúde. O programa vai ao ar sempre a partir das 8h na Ilha FM.
Confira a entrevista:
MAGNA SANTANA: Não é só a ausência de ferro, mas o excesso de ferro também pode fazer mal à saúde?
GEYDSON CRUZ: Sim. Parece estranho, mas é verdade. Antigamente todos nós ouvíamos aquela história de que suco de beterraba com laranja era bom pra anemia e que as mulheres com fluxo de mestruação elevada vão ficar fraca e anêmica. Mas hoje a preocupação não é essa, pois excesso de ferro também é um problema. Os cardiologistas, ginecologistas e outros especialistas fazem pesquisas sobre o número de ferro no sangue e nos últimos anos vem se notando um número alto de ferro, por causa da alimentação moderna, com um maior consumo de sódio e muito exagero de açúcar e diminuição de exercícios físicos. Por isso, é preciso aumentar a quantidade de exercícios físicos, ter um consumo menor de açucares e sal. Já com relação ao ferro, apesar de ser saudável, tem pessoas que acumulam muito ferro no organismo. A sobrecarga de ferro pode vim a levar uma doença como problemas cardíacos e cirrose hepática, principalmente as pessoas que tem hepatite C, que tem um risco muito alto de ter cirrose hepática.
MS: A forma de diagnosticar a anemia (que é ausência do ferro) e o excesso de ferro é realizada por meio do mesmo exame?
GC: Não. Para diagnosticar a anemia um simples exame de sangue é suficiente, já o excesso de ferro é preciso de um exame específico chamado Ferritina. Como esse acúmulo de ferro já é algo constante, os médicos já pedem esse exame nas consultas de rotina quando percebem a necessidade.
MS: Como a pessoa pode perceber que está com excesso de ferro?
GC: A sobrecarga de ferro pode ser manifestada por meio de alguns sintomas, porém, infelizmente esses sintomas só se manifestam quando já estão em estado avançado. Então é importante o rastreamento, por meio de exames mesmo. Geralmente quem tem a tendência na família, é preciso realizar o exame com maior frequência. Também existe a situação de exposição ambiental para quem trabalha diretamente com o ferro, como os trabalhadores que trabalham em minas de ferro. Aqui no estado, geralmente é por meio da alimentação mesmo. Por isso que é importante ter um prato colorido e equilibrado, evitando principalmente o consumo exagerado de carnes. Falando com relação aos sintomas, os principais são mudanças na coloração da pele, que fica um pouco amarronzada, parecendo um bronzeado. Pode acontecer dores nas juntas e também dores no fígado, no coração e até mesmo surgir diabetes. Mas eu reafirmo que esses sintomas aparecem de forma tardia, por isso é preciso buscar a prevenção, realizando exames periódicos.
MS: Para as pessoas que têm a tendência, é preciso ficar sempre atento fazendo o checape?
GC: Perfeitamente. Quem tem tendência, não necessariamente terá excesso de ferro, mas é essencial ficar sempre atento fazemos os exames. Quando descobrimos que há o excesso, pode ser mudada a alimentação, realizando uma dieta, e se necessário for, realizamos a retirada desse excesso por meio de medicamento e até mesmo retirada de sangue, por meio de um processo chamado flebotomia.
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